Conheça a escritora Marina Colasanti, falecida em janeiro de 2025, e cinco de suas obras
Autora de mais de 70 livros, Marina transitou entre gêneros como poesia, crônica e literatura infantojuvenil. Seu estilo poético e delicado conquistou leitores de todas as idades.
Uma das suas maiores contribuições foi trazer uma abordagem única aos contos de fadas, utilizando metáforas para falar sobre temas como liberdade, autoconhecimento e poder feminino.
Marina faleceu em 2024, deixando um legado literário imenso. Seu trabalho permanece vivo, encantando novas gerações de leitores e reafirmando seu lugar como uma das grandes escritoras brasileiras.
Se você ainda não conhece sua obra, aqui estão cinco livros essenciais para mergulhar no universo de Marina Colasanti:
- "A moça tecelã": Marina Colasanti, artesã da sintaxe, do jogo linguístico e dos sentidos simbólicos, tece com palavras mágicas o livro A moça tecelã, que ganha nesta publicação o trabalho de outros artesãos – as irmãs Dumont, bordadeiras, e o ilustrador Demóstenes, que teve seus desenhos transformados em fios artesanais. O resultado é um livro belíssimo. Ímpar! Palavras, traços e tapeçarias se entrelaçam para levar o leitor a um outro tempo. Tempo em que os homens, guerreiros, partiam para as batalhas, e as mulheres encontravam na arte do tear o espaço para viver a longa e difícil espera. Porém, no conto criado por Marina Colasanti, a moça não espera. A moça tecelã constrói no tear sua própria história. Nada lhe faltava. Na hora da fome tecia um lindo peixe. Ela própria trouxe o tempo em que se sentiu sozinha, e pela primeira vez pensou como seria bom ter um marido. Ao se descobrir infeliz, a moça tecelã, durante a noite, segurou a lançadeira ao contrário e desfez o marido.
- "Doze reis e a moça no labirinto do vento": O livro Doze reis e a moça no labirinto do vento reúne treze contos que, embora escritos em uma época marcada pela velocidade e pelo mundo virtual, traz à tona o encantamento dos contos de fada. No meio da noite de núpcias, o rei acordou… Vencedor de tantas guerras, o guerreiro das Tendas de Ferro apossou-se daquele reino… Os personagens, criados por Marina Colasanti, habitam lugares distantes, vivem em outros tempos, porém buscam, como o homem de hoje, a liberdade, a justiça, o amor, o sonho, a própria identidade. As ilustrações em preto e branco, também da autora, dialogam com a magia dessas histórias. Histórias assim, como os tradicionais contos de fadas, são atemporais.
- "Breve história de um pequeno amor": Uma escritora encontra um ninho com dois filhotes de pombo. Por meio de uma prosa poética, o leitor compartilha as hesitações e os sucessos de uma história de crescimento e desenvolvimento. Como o próprio nome da obra diz, esta é uma história de amor, mas também de ciúme, aflição, paciência, saudade, preocupação, orgulho...
- "Uma ideia toda azul": Em Uma ideia toda azul, reis, rainhas, princesas, príncipes, unicórnios, gnomos, cisnes, fadas são alguns dos personagens dos dez contos, criados pela sensibilidade e imaginação de Marina Colasanti. As histórias, embora passadas em lugares imaginários – castelos, bosques, reinos distantes -, revelam sonhos, fantasias, medos, desejos e outros sentimentos sempre presentes na alma humana. A linguagem de uma sonoridade poética narra a história da princesa sem amigos, do rei prisioneiro em seu próprio reino, do unicórnio e sua paixão, da corça aprisionada, da princesa, possessiva, insensível. Os aspectos simbólicos e os valores contidos nesses contos são básicos para a formação da personalidade da criança. A princesa pegou a rede, o vidro, a caixinha dos alfinetes, e saiu para caçar. Sempre atrás de borboletas, não se contentava com as que já tinha, caixas e caixas de vidro em todos os aposentos do palácio. Queria outras. Queria mais. Queria todas.
- "23 histórias de um viajante": Um jovem príncipe, um reino cercado por altas muralhas e um viajante. A história do príncipe e as histórias do viajante entrelaçam-se em uma narrativa poética, encantada. O príncipe, com medo da violência dos outros reinos, passou grande parte de sua vida isolado, protegido por altas muralhas. Viu seu avô voltar ensanguentado da batalha. Viu seu pai ser abatido em torneio. Viu feridas abertas nos corpos dos seus tios. A história da sua coroa foi escrita mais com a espada que com a pena. E a espada plantou o medo em seu coração. Muralhas não bastam para deter o medo, lhe disseram os anciões do Conselho. A chegada de um estrangeiro em suas terras desperta-lhe o desejo de acompanhá-lo, sair de seu mundo e percorrer outros lugares.
A escrita de Marina Colasanti é um convite para explorar mundos imaginários e reflexões profundas, sempre com uma linguagem acessível e envolvente.
Se você ainda não teve a oportunidade de conhecer suas obras, esses títulos são um excelente ponto de partida!
1 comentários
Um dos textos mais impactantes de Marina Colassanti foi a crônica "Eu sei, mas não devia". Apesar de publicada em 1972, continua atualíssima e nos convidando a refletir como deixamos nossas vidas se esvaziarem enquanto nos acomodamos numa rotina improdutiva que nos bloqueia para admirar a beleza da vida que está ao nosso redor.
ResponderExcluir"A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.(...)"