Resenha: Até o Dia em que o Cão Morreu, de Daniel Galera

Título: Até o dia em que o cão morreu

Autor: Daniel Galera

Editora: Companhia das Letras

Páginas: 104

Sinopse: Depois de alugar um apartamento vazio no centro de Porto Alegre, um homem de cerca de 25 anos gasta os dias olhando a cidade pela janela, bebendo cerveja e caminhando pela vizinhança. Até que um cachorro aparece em sua porta, e uma modelo chamada Marcela entra em sua vida. O impasse do narrador também tem um caráter particular: a dificuldade de escolher entre um cotidiano cheio de privações, mas sem riscos emocionais, e as possibilidades infinitas dos afetos. É aí que o mundo se torna mais complexo e interessante. É aí, também, que as paixões cobram seu preço. Com um estilo minimalista e em algumas passagens virtuosístico, Galera conduz o leitor com um vagar nada gratuito: em suas pequenas acelerações e grandes pausas, é como se Até o dia em que o cão morreu reproduzisse o tempo interno do seu personagem - a lenta evolução, quase despida de acidentes, até que suas certezas iniciais comecem a esmorecer.

Resenha

Eu nunca tinha lido nenhum livro de Daniel Galera até receber este emprestado do meu padrinho. Eu confesso que as dores do personagem não me abalaram - o livro não foi escrito para mim, e sim para outro público alvo - então isso, com certeza, influenciou na minha experiência de leitura e nas minhas impressões da obra. Com isso em mente, vamos lá:

A estrutura do texto me incomodou bastante. A ausência de travessões para indicar falas, os parágrafos grandes demais, do tamanho de uma página inteira... Tudo isso me gerou um grande desconforto enquanto lia. A impressão que tenho é que Daniel Galera é, na verdade, um rebelde. Gritando para o mundo: vejam, eu tenho minhas próprias regras! E, bom, tudo bem. Não era algo assim que me faria parar de ler.

Pois segui a leitura. O regionalismo de Daniel Galera provavelmente dificulta a leitura para leitores que não são gaúchos, mas é uma experiência muito divertida para nós, da região, ler uma história com tantas características rotineiras. Foi muito legal.

Quanto a história em si, os dilemas do personagem realmente não geraram muita identificação comigo, mas consegui ver muitos homens que conheço nos pensamentos e ações do narrador. Galera descreve com tanta precisão a mente de um homem que me senti dentro de uma - foi assustador. Reconhecer os anseios, os medos, os bloqueios emocionais - quando se fechava para Marcela, a guria que amava, porque se sentia vulnerável ou insuficiente.

Apesar de não ter sido escrito para mim, é um livro muito interessante, com um final surpreendente. Eu fui pega totalmente de surpresa pela última narrativa de Marcela, pelo final do cão e muito ansiosa em descobrir qual foi, de fato, a resposta do narrador.

De toda forma, indico a leitura. Principalmente para homens gaúchos maiores de 18 anos!

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