Resenha: Uma Cura para meu Filho, Rupert Isaacson

 Uma cura para meu filho | Amazon.com.br

Quando Rowan foi diagnosticado como autista em abril de 2004, seu pai, o jornalista Rupert Isaacson, entrou em desespero. Ele sonhava com o dia em que o menino o acompanharia em excursões, caminhadas a cavalo e aventuras em terras distantes, e agora nem sequer sabia se eles seriam capazes de se comunicar: "Foi como se me tivessem golpeado o rosto com um taco de beisebol. Aflição, vergonha - uma vergonha estranha e irracional, como se eu tivesse amaldiçoado aquele menino, transmitindo-lhe genes defeituosos, e o condenado a viver como um alienígena". Em meio ao desespero para encontrar uma maneira de entrar no mundo de Rowan e já cansado das dezenas de tratamentos caros e ineficazes, Isaacson percebeu que o contato com os cavalos na fazenda de um vizinho começou a produzir melhoras significativas nas habilidades de comunicação de seu filho. E se fossem a um lugar diferente, onde a convivência com os animais e as terapias alternativas oferecessem a possibilidade de uma vida normal para Rowan? Em Uma cura para meu filho, o autor revela o que levou ele e a esposa a tomarem a decisão radical de viajar para um país distante na tentativa de resgatar o pequeno Rowan das profundezas do autismo. Juntos, viajaram para o outro lado do mundo para percorrer, a cavalo, as terras místicas da Mongólia atrás de curandeiros tradicionais e tratamentos xamanísticos que poderiam fazer aquilo que as terapias ocidentais não conseguiram: curar Rowan de sua doença, ou no mínimo amenizá-la.

    Eu sou apaixonada por cavalos desde os meus seis anos de idade. Tive uma experiência muito positiva com eles quando passei pela depressão, praticando hipismo. Só parei porque é um esporte muito caro e acabei tendo que escolher outras prioridades, como os estudos. Então, para mim, ler um livro que trata de um assunto tão delicado com tanta paixão é absolutamente incrível, me traz sentimentos indescritíveis de felicidade.

    Conhecer a história de Rowan foi maravilhoso. O efeito dos cavalos em pacientes com autismo é conhecido pela equoterapia há muitos anos, mas só recentemente que foi reconhecido pelo governo como um tratamento eficaz (aqui no Brasil). Toda a experiência maravilhosa retratada no livro inspirou o pai, Rupert Isaacson, a fundar a Horse Boy Foundation, uma fundação de equoterapia para ajudar crianças com autismo. 

Até os momentos mais sombrios escondem uma alegria, uma solução pode ser encontrada no lugar menos esperado e o mágico e o corriqueiro caminham juntos para transformar nossas vidas.

    Mas vamos falar um pouco do livro: a escrita é ótima, fluída e de fácil entendimento. Não tem termos científicos e quando eles aparecem, são explicados. Afinal de contas, o casal também não é médico e este é um livro de história, não necessariamente para médicos ou terapeutas.

    A descrição dos locais pelos quais eles passam no caminho pela Mongólia é incrível, você consegue imaginar e sentir como se estivesse junto deles. Pelas palavras de Rupert, é um país incrível e eu estou louca pra visitar depois de ler esses relatos.

Ao acordarmos, percebemos que estávamos em um cantinho do céu: uma encosta de montanha que descia até o rio Tuul, o rio sagrado em cujas margens haviam transcorrido nossos rituais com os nove xamãs. Parecia que fora há séculos. Choupos e faias cobriam as margens e cresciam em ilhotas no meio do rio. Em alguns pontos, as ribanceiras desciam suavemente até a beira da água, formando grandes prados, onde pastavam rebanhos de cavalos. Em outros, formavam grandes barrancos cobertos de arbustos. Montanhas assomavam a distância. Ainda caía uma chuva suave que, amortecendo a luz, realçava a intensidade e os matizes dos verdes.

    Como pode perceber no parágrafo acima, temos bastante detalhes dos locais por onde passaram, o que facilita para muitos leitores a imaginação no decorrer da história. Eu particularmente gosto, pois me sinto mais familiarizada com o ambiente e os personagens.

    A forma como tudo acontece, como acompanhamos a evolução de Rowan em relação às suas crises e ao autismo, é maravilhosa. Sem sombra de dúvidas, emocionante. É impossível ler a linda conexão do menino com os cavalos e não sentir um calor dentro do peito.

Novamente, o milagre aconteceu. Betsy abaixou a cabeça, lambendo e remexendo os lábios, submetendo-se voluntariamente ao meu filho autista.

- Cavalo - disse ele, deleitado, enquanto ela o farejava. - Cavalo.

    Cavalos são animais pra lá de especiais, não é de se impressionar que causem tanto bem pra nós. Com tudo o que estudei sobre equoterapia, sei que só temos a ganhar mantendo uma relação frequente com eles, e esse é um dos livros que nos prova isso.

    É uma leitura que eu indico principalmente para quem gosta de cavalos ou conhece alguém que tenha autismo. Para quem não se encaixa em nenhum dos dois, leia também, afinal de contas, é impossível não se sensibilizar com essa narração. Rupert Isaacson e sua esposa tem minha eterna admiração.

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