Quatro anos depois de tudo ter começado, restaram poucos sobreviventes, incluindo Malorie e seus dois filhos pequenos. Morando numa casa abandonada próxima ao rio, ela sonha há tempos em fugir para um local onde sua família possa ficar em segurança. Mas a jornada que têm pela frente será assustadora: 32 quilômetros rio abaixo em um barco a remo, vendados, contando apenas com a inteligência de Malorie e os ouvidos treinados das crianças. Uma decisão errada e eles morrem. E ainda há alguma coisa os seguindo. Será que é um homem, um animal ou uma criatura desconhecida?

    Caixa de Pássaros é um livro que mexe com o leitor do início ao fim. É quase impossível não devorá-lo em um dia só. Levei apenas dois dias para concluir a leitura e foram dois dias lentos e tensos. Passei a noite atenta a qualquer barulho que ouvia e olhando desconfiada para as portas de vidro da minha casa. É o efeito que a escrita de Josh Malerman causa.

    Acompanhada de uma taça de vinho, escrevo essa resenha há poucos minutos depois de finalizar a leitura desse thriller pra lá de emocionante, ainda em choque e tentando assimilar tudo o que li. Eu já tinha assistido ao filme, mas o livro é sem sombra de dúvidas mais elaborado, caprichado, divertido (se é que pode chamar algo assim de diversão) e assombroso.

    A forma como o terror vivido pelos personagens é descrita pelo autor faz com que você sinta tudo. Toda a tensão, todo o medo, todo o terror. É de arrepiar os fios de cabelo.

"Se o problema é a visão, talvez a gente só precise alterar nosso modo de ver."

    É uma leitura maravilhosa, principalmente para quem gosta de livros de suspense ou para os fãs de Stephen King. Como já publicado pelo Publishers Weekly, "Malerman usa uma narrativa alusiva para criar um suspense fascinante que os fãs de Stephen King vão adorar".

    Na verdade, eu gostaria de conhecer e debater com alguém que não tenha gostado da Caixa de Pássaros, para tentar compreender seus motivos. Há não ser que realmente não goste do tema abordado, não consigo imaginar em nem um motivo sequer para deixar esse livro ruim. Talvez eu ainda esteja emocionada por ter terminado recentemente... Mas, neste momento, estou confiante de que este é um dos livros mais incríveis que já li nos últimos dois anos.

    O livro acompanha Malorie, mãe de duas crianças que tenta encontrar um lugar seguro para sua própria família em meio a um mundo pós apocalíptico. Lutando contra algo que não se pode ver, Malorie terá que sobreviver; e a história retrata todo o desespero desta mãe para salvar a si mesma e a seus filhos.

"O homem é a criatura que ele teme."

    O terror psicológico do livro se intensifica pois, na minha opinião, aborda um medo que todos temos de algo que nós não podemos controlar: nossa mente. A partir do momento que algo - um animal, uma criatura, outra pessoa, qualquer coisa - toma controle da nossa mente e supostamente pode controlar o que você vê, ouve ou sente, qualquer ser humano se torna totalmente impotente.

    E todos nós temos medo do que não podemos obter controle. Como duvidar de si mesmo, do que você está vendo ou ouvindo, do que lhe faz enlouquecer? Como se esconder, fugir, sobreviver e escapar de algo que pode controlar você?

"Sempre supus que o fim viria da nossa própria estupidez."

    O medo de algo que não se pode ver para quem sempre teve a visão. O medo do desconhecido, misturado com um personagem tomado pelo pânico e pela ansiedade, leva o leitor à uma viagem para a mente de alguém muito, muito, mas muito perturbado. Pude identificar várias vezes pensamentos e sintomas de crises de ansiedade descritos como jamais vi alguém o fazer.

    Me trouxeram lembranças, sensações e pensamentos de momentos em que tive de passar por situações assim e isso provavelmente foi o motivo do livro ter afetado a mim (e outras pessoas que já tiveram experiências psicossomáticas neste sentido) mais do que a pessoas que nunca passaram por uma crise antes.

"Um livro que deve ser lido de uma só vez. Ninguém havia escrito uma história de terror como essa antes" - Hugh Howey, autor de SILO.

    Estou absurdamente ansiosa para ler Malorie, livro que nos traz a continuação de Caixa de Pássaros, mas estou com muitos livros antes na minha lista de leitura. E acho que preciso de uma leitura mais leve para me recuperar deste baque que é o Caixa de Pássaros.