A verdade sobre a cidade submersa em Siderópolis, SC

Foto: Outro Olhar

Relatos da Construção da Barragem do Rio São Bento

Enquanto visitávamos a barragem do Rio São Bento, ouvimos muitas pessoas falando sobre como a cidade foi inundada, ou que os habitantes foram despejados, enfim. Depois de muita pesquisa, resolvi trazer a história para vocês:

A barragem levou 25 anos para sair do papel. Desde a década de 1970 eram apenas boatos e promessas, e enquanto isso, a população que morava no local estava imerso em insegurança.

Inaugurada em 2006, a Barragem do Rio São Bento foi construída para resolver problemas de abastecimento, especialmente dos municípios da região carbonífera. É o maior reservatório de água da Região Sul de Santa Catarina, com um lago artificial de 450 hectares (equivalente a quase 500 campos de futebol).

Os antigos moradores foram reembolsados pela perda de seus terrenos e construções, e o local onde antes era conhecido como Nova Belluno, foi substituído pelas águas do Rio São Bento, após a construção da barragem.

Leia abaixo o relato, que achei emocionante, do siderópolis.wordpress.com:

Desde o início da construção da Barragem do Rio São Bento muita coisa mudou. Além da paisagem, um dos símbolos da comunidade também sofreu um grande impacto com as obras no local: a igreja de São Pedro. Da igrejinha da localidade que foi palco de tantas missas, batizados, casamentos e festas, hoje só resta a torre. Das muitas histórias na qual ela fez parte, nenhuma foi mais marcante do que a missa que marcou o fim da comunidade. 

As lembranças do feriado de Tiradentes de 2002 ainda estão vivas na memória dos habitantes. Foi num domingo de manhã, dia 21 de abril, que a comoção e a tristeza tomaram conta das pessoas que ali se encontravam. Os filhos daquela terra se reuniram para celebrar a última missa antes da demolição da igreja. A igreja estava lotada, muitas pessoas tiveram que ficar do lado de fora da capela. Era domingo, o último dia que os sinos da igreja tocariam e que a estrutura ainda estaria em pé. No dia seguinte, segunda-feira, 22 de abril, a igrejinha construída em 1959 viria ao chão.


O primeiro parágrafo escrito pela jornalista Daniela Niero na edição do Jornal da Manhã do dia 22 de abril de 2002 resume o sentido e o significado do que representou o adeus à igrejinha. A matéria intitulada “Emoção marca adeus à igreja São Pedro”, começa da seguinte forma: “Para aqueles que não fazem parte da história da igreja São Pedro, no bairro de mesmo nome, em Siderópolis, a sua demolição para a construção da barragem do Rio São Bento é apenas um mal necessário para dar lugar ao progresso. No entanto, para aqueles que lá foram batizados, fizeram a primeira comunhão e se casaram, uma parte das suas vidas está sendo perdida”.

Foto: Casan

A famosa torre da antiga Igreja São Pedro

Foi um homem chamado Raul que acompanhou o trabalho de derrubada da capela. Foi então que ele sugeriu que deixassem a torre (ou campanário) da igrejinha em pé. Foi solicitado para os responsáveis da Hidrelétrica de Itá, no oeste do estado, e explicado que a igreja havia se tornou um símbolo para a população local e uma referência para os turistas.

A Casan manteve a torre erguida, porém não foi feito nenhum reforço em suas estruturas, e não se sabe por quanto tempo vai permanecer em pé. Atualmente, é possível ver a torre da igreja em meio às águas da barragem, uma paisagem difícil de esquecer.

Foto: Vela & Ventos

Fonte: https://sideropolis.wordpress.com/a-historia-submersa-nas-aguas-do-sao-bento/

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