Resenha: Tubarão, de Peter Benchley

Nome: Tubarão

Autor: Peter Benchley

Editora: Darkside (antes pela Abril Cultural)

Páginas: 280

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Sinopse: Você não está vendo, mas ele está lá no fundo, observando suas pernas se mexerem nas águas turvas. A mais perfeita máquina assassina da natureza, o predador que mantém seu posto no topo da cadeia alimentar desde a época dos dinossauros. Um torpedo de carne, ossos e dentes. Não há para onde fugir. Se você sempre devorou livros, chegou a hora da revanche.

Tubarão é o clássico romance de Peter Benchley que deu origem ao primeiro blockbuster de Steven Spielberg. Mas, mesmo antes do sucesso na telona, o frenesi alimentar de Jaws se transformou num fenômeno de vendas. O best-seller internacional foi o principal responsável em elevar a fera de barbatanas dorsais ao status de perfeita encarnação do mal. Se já existiu um bicho-papão na natureza, ele está dentro d’água.

A história se passa em Amity, um balneário ficcional situado em Long Island, Nova York. Quando o corpo de uma turista é encontrado na praia o chefe de polícia Martin Brody ordena o fechamento das praias da região. Mas o prefeito Larry Vaughan, mais preocupado com o dinheiro dos veranistas, consegue abafar a notícia e libera o banho de mar na cidade. O banquete está servido.

O impacto dessa obra pop foi tão violento, que gerações passaram a pensar duas vezes antes de cair no mar. O resultado, além das intermináveis semanas do tubarão na TV a cabo, foi a perseguição desenfreada a esses peixes de dentes afiados. Benchley se tornou um ativista contra a matança indiscriminada dos tubarões.

Resenha

A edição que li de Tubarão é de 1984, lançado pela Abril Cultural, dez anos depois do lançamento oficial da história, que foi em 1974. Não sei se foram feitas alterações nas edições posteriores, como na última edição lançada pela Darkside (nos entregando tudo e mais um pouco com aquela versão capa dura linda demais) mas eu sempre acho curioso como a nossa forma de expressar mudou ao longo dos anos.

Por exemplo, nessa edição de 84, ainda podemos ver resquícios de uma sociedade normativamente racista, em comentários despretensiosos feitos no decorrer da narrativa. Não apenas em Tubarão, mas outros livros que li da mesma época trazem o mesmo estilo de comunicação - ou seja, não é algo exclusivo de Peter Benchley, mas da sociedade da época.

Ao mesmo tempo, eu acho muito legal a forma xula como eram escritos os livros nesses anos. Sem medo do famoso "cancelamento" que surgiu com as redes sociais, os autores escreviam o que tinham vontade de escrever, e conseguiam passar suas mensagens com mais exatidão. Conseguiam fazer o leitor, de fato, refletir sobre a história, sobre o problema, sobre seu próprio ponto de vista.

Afinal, a escrita sempre foi e sempre será uma forma de expressão, mas como se expressar dentro do politicamente correto? Como trazer novos pontos de vista e abordar assuntos que, hoje, são tabu? Há muitos assuntos que precisam ser debatidos e não são feitos, porque tudo é motivo para cancelamento. Uma sociedade que não pode se expressar está fadada ao fracasso intelectual.

Enfim... Eu acho muito interessante analisar como a sociedade mudou ao longo dos anos, e isso é bastante evidente nas obras literárias.

Mas vamos voltar ao nosso astro do momento: Tubarão! Eu sou uma grande fã de filmes com bichos. Tubarões, jacarés, cobras, dinossauros... Eu sempre gostei demais desse tipo de obra. Então eu já sabia que ia gostar de Tubarão, mesmo que não fosse tudo aquilo que eu imaginava. E eu estava com grandes expectativas.

O livro já começa agitado, nos apresentando a primeira vítima. A partir daí, há bastante ênfase na questão política - como fechar as praias sendo a principal atração dos veranistas, que são quem mantém a cidade em pé pelo restante do ano? Por algumas páginas o livro se mantém nesse impasse. A briga entre a polícia, que quer cumprir com seu dever de proteger o povo, contra a política, que quer impedir a cidade de falir.

A partir da terceira parte do livro, a narrativa começa a ficar mais frenética, quando se inicia a caça ao tubarão. O animal é bem descrito, as cenas são narradas de forma impetuosa e detalhada, de forma que o leitor consegue imaginar perfeitamente o que está acontecendo na história.

Enquanto pesquisava sobre a história para desenvolver a resenha, notei que algumas pessoas consideram o livro um suspense. Eu não diria dessa forma. Há um suspense quando o escritor desenrola a cena das vítimas do tubarão, mas é breve demais para considerar a narrativa inteira como um suspense. Ele me lembra mais um terror clássico do que um suspense de fato.

(o parágrafo abaixo contém leve spoiler!)

Eu também preciso deixar um adendo para o final da história. A minha expectativa estava sendo perfeitamente atendida até o final, que ficou em aberto. Não se sabe o que acontece com o tubarão, com Amity ou com os personagens que ainda estavam vivos. O final em aberto me deixou com a mesma sensação que eu ficaria ao ler um conto absurdamente bom (com a diferença de que o conto é propositalmente feito para deixar um gostinho de "quero mais", enquanto uma narrativa de 334 páginas torna essa sensação totalmente frustrante).

(fim do spoiler!)

De qualquer forma, é um clássico da literatura - e das telas - e eu acho que todo fã do gênero deveria lê-lo.

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